Texto de acolhimento da Casa de Portugal -Maison André de Gouveia
Résumé
Após uma edição consagrada a Fausto, a edição de 2019 debruça-se sobre a obra de Joseph Conrad Heart of Darkness, uma das obras mais lidas e analisadas do cânone ocidental, segundo Harold Bloom, tendo mesmo atingido o estatuto de obra-mito[1]. Narrativa dentro da narrativa, entre o rio Tamisa e o rio Congo, o texto de Conrad afirma-se, no início do século XX, como uma expedição introspetiva psicanalítica, uma travessia geopolítica e civilizacional, e um ensaio ontológico e ético. Simultaneamente a obra pode abrir-se a outras leituras do âmbito da literatura de viagens ou da reflexão pós-colonial, pois como salienta a célebre frase de Conrad a Cunninghame Graham: «escrevemos apenas metade do livro, a outra metade é com o leitor»[2].
Com esta abertura interpretativa, Heart of Darkness presta-se a traduções intersemióticas artísticas que serão concretizadas em parceria com The Strzemiński Academy of Fine Arts Łódź e Art And Science Centre (Łódź), com a École Nationale Supérieure des Beaux-Arts de Paris e com a Delegação em França da Fundação Calouste Gulbenkian, com o Museu Arqueológico do Carmo e a Associação dos Arqueólogos Portugueses, assim como a Universidad de Castilla-La Mancha, a Junta de Castilla-La Mancha e a Facultad de Bellas Artes de Cuenca. O acolhimento de Chiado, Carmo e o Coração das Trevas permitirá prosseguir a reflexão e diálogo a partir da obra de Conrad, num espaço plural, de cruzamentos culturais e artísticos, como é o da Cidade internacional universitária de Paris.