Representações do passado traumático em obras de Roberto Drummond e Bernardo Kucinski
Résumé
The Brazilian civil-military dictatorship was revisited by many contemporary novelists, being the literature of that period considered as a form of "dictatorship file" (Figueiredo 2017). The writers Roberto Drummond, in Hitler manda lembranças (1984), and Bernardo Kucinski, in K.Relato de uma busca (2011), put on stage characters who, inserted in the dictatorial period, are tormented by memories of The Second World War. As in an untraceable puzzle, the memory of the Jews persecution during Nazism re-emerges by establishing connections with the military regime in Brazil. Self-fiction or pastiche-like, the two novels propose particular analogies between non-competitive memories and possible traumatic intersections (Rothberg 2018). The narratives’ testimonial character also allows to establish relations between an exogenous past (the immigrant’s) and the national memory. The traumatic past fictionalization seems to contribute to the building of relations between different historical moments and the transference of an intergenerational and affiliative memory (Hirsch 2012)
A ditadura civil-militar brasileira foi revisitada por muitos romancistas contemporâneos, podendo a literatura sobre esse período ser considerada como uma forma de "arquivo da ditadura" (Figueiredo, 2017). Os escritores Roberto Drummond, em Hitler manda lembranças (1984), e Bernardo Kucinski, em K. Relato de uma busca (2011), colocam em cena personagens que, inseridas no período ditatorial, são atormentadas por lembranças da Segunda Guerra Mundial. Como em um quebra-cabeça inverossímil, a memória da perseguição aos judeus durante o nazismo ressurge estabelecendo conexões com o regime militar no Brasil. De cunho autoficcional ou sob a forma de pastiche, os dois romances propõem analogias singulares entre memórias não concorrenciais e possíveis cruzamentos traumáticos (Rothberg 2018). O caráter testemunhal das narrativas nos permite também estabelecer associações entre o passado exógeno do imigrante e a memória nacional. A ficcionalização do passado traumático parece contribuir para o estabelecimento de relações entre diferentes momentos históricos e a transmissão de uma memória intergeracional e afiliativa (Hirsch 2012).
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