Ganhar a Vida, de João Canijo: entre perdas e ganhos, de Cidalia a Antigona
Abstract
Este capitulo visa aprofundar o conhecimento sobre formas criativas de representação e expressão da identidade portuguesa em comunidades da diáspora, através da presença da mulher em França, centrando-se para o efeito na narrativa fílmica Ganhar a Vida de João Canijo (2001).
Embora a obra possua uma vertente de carácter documental, com forte valor sociológico (a mulher na família, no trabalho, nas relações sociais), interessa-nos estudar o modo como se funde ficcionalmente uma experiência de vida da esfera do privado - de uma mulher portuguesa, paradigma de tantas outras, condenada à lei do silêncio, e que um acontecimento trágico retira do mutismo, no mundo que a acolhe, para “ganhar a vida” - com o domínio público, a comunidade, a polis. Cidália recusa a lei do silenciamento, assume-se publicamente perante as colegas, a família, a polícia, as festas da comunidade, multiplica as declarações e subverte as normas. No momento em que desafia e provoca as forças da ordem, essa voz questionadora, torna-se grito, som primitivo, dor e vida. Cidália inicia então um longo percurso de perdas e danos sem no entanto se vergar aos outros. Adquire uma voz, funda a sua identidade, ‘ganha’ um novo sentido para a vida, aquela de que ela própria traça os contornos. Procuraremos demonstrar de que forma a voz da heroína se transcende para se inscrever numa comunidade de cidadãos responsáveis. Pela análise de algumas facetas do mito, mostraremos a sua atualização no quotidiano através do estudo dos mecanismos que contribuem para a vertente trágica, onde ecoam as vozes de Orfeu, mas sobretudo de Antígona.
Domains
Humanities and Social Sciences
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